1.2.01

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Oi, Cathy.
Estava eu ontem vagabundeando pelo quarto quando resolvi me atracar a ler alguma coisa. Como não havia nenhum Limpol por perto pra que eu lesse o rótulo, catei um livro do meu colega de quarto, um livro que 'tava jogado num canto qualquer. Platero e Eu, de Juan Ramón Jiménez. É um tanto auto-biográfico (ou totalmente auto-biográfico, não sei). Prosa poética, tratando, em capítulos curtos, de aspectos da cidade de Moguer, na província andaluza de Huelva, cidade natal do autor. Platero é o burro de Juan, um animalzinho dócil que participa de cada capítulo e, na maior parte do tempo, é para ele que a história é contada. O capítulo 78, me lembrou você, por isso eu transcrevo aqui:

A LUA

Platero acabara de beber duas vasilhas de água com estrelas do poço do curral e voltava à estrebaria, lento e distraído, pela alameda dos altos girassóis. E eu o esperava na porta, encostado no batente e envolto na leve fragrância dos heliotrópios.
Para além, aljofrado das névoas frescas de setembro, adormecia o campo tranqüilo, de onde vinha um penetrante cheiro de pinheiros. Uma grande nuvem negra, como uma galinha gigantesca que houvesse posto um ovo de ouro, dependurou a lua sobre a colina.
Disse à lua:
...Ma sola
Ha questa luna in ciel, che da nessuno
cader fu vista mai se non in sogno...
Platero olhava-a fixamente e movia, com um ruído muito leve, uma das orelhas. Olhava-me, meio absorto, e movia a outra...


É isso, moça dos girassóis. Beijo.
Edson



Recebi esse e-mail hoje de manhã. Bunitinhu, né?